Os bigodes fazem parte de um vasto conjunto de acessórios de carnaval para qualquer idade e em qualquer brincadeira. Tratam-se de pilosidades faciais artificiais (re)criadas especialmente para oferecerem diversão e alegria através de volume e de aspecto nada ortodoxos.
Mas de onde nos chegam as primeiras memórias dos bigodes hoje frequentemente usados enquanto acessórios de carnaval?
Estávamos na Idade média e os germanos, um grupo etno-linguístico indo-europeu originário do norte da Europa, usavam uns bigodes enormes que rapidamente chamaram a atenção dos habitantes da Península Ibérica. Sem perceberem muito bem a interjeição que os germanos utilizavam bem amiúde bei got!, que significava exactamente por deus!, agarraram-lhes na oralidade e passaram a chamar-lhes bigod.
Daqui até ao aportuguesamento da palavra terá sido uma questão de pilosidades: o bigode instalava-se na língua e na face dos povos Ibérios de então até fazerem furor enquanto acessórios de carnaval, na actualidade, um pouco por todo o mundo.
Outras perspectivas referem a chegada dos bigodes através da França, pela altura em que Carlos V governava o império. Mas, na dúvida, interessa mesmo é celebrar a festa com estes acessórios de carnaval à moda de Dali ou de Velásquez...
Dali inspirou-se em Velásquez e nós neles para fazermos dos bigodes as pilosidades mais queridas neste carnaval
Excelente qualidade plástica em combinação de imagens bizarras e oníricas dão vida ao surrealismo do primeiro Marquês de Dali de Púbol. Sim, esse mesmo, falo de Salvador Dali – o pintor Catalão quase tão conhecido pelas suas obras artísticas como pelo seu bigode caricato e inspirador como acessório de carnaval.
Trata-se de um artista fortemente influenciado pelos mestres do Renascimento cujas obras passaram – não apenas pela pintura – também por trabalhos artísticos no cinema, escultura, fotografia e literatura: tudo dentro da mesma linha surrealista. E depois o bigode. De onde nasceu aquele bigode tão engraçado e surreal senão da imensa admiração que Dali sentia pelo pintor andaluz Diego Velásquez?
É isto mesmo e hoje podemos usar e abusar dos bigodes, enquanto acessórios de carnaval, também como uma espécie de vénia à arte plástica.
Mesmo em finais do século dezasseis nascia aquele que viria a influenciar, pela sua pintura barroca, determinantemente, o impressionismo francês: o espanhol e sevilhano Diego Rodríguez de Silva e Velázquez que viria a ser a fonte, o bebedouro,de Renoir e Manet – tanto quando dos bigodes de Dali que, por sua vez, nos deixam a suspirar de vontade de uma réplica neste carnaval.
Começando a sua carreira com um estilo foi naturalista cujo interesse revertia para uma imitação da natureza, as suas obras tinham uma iluminação tenebrosa entre o claro e o escuro passando, mais tarde, para um timbre mais luminoso pelo recurso aos fundos claros, cores mais translúcidas e maior presença de azul, preto e cinza.
Terão sido, no entanto, os seus bigodes – também reflexo da sua personalidade – que levaram Dali a cultivar um dos bigodes mais famosos do mundo e que fazem as delícias por entre tantos acessórios de carnaval que compõem esta festa.
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